sábado, 31 de dezembro de 2022
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segunda-feira, 19 de dezembro de 2022
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terça-feira, 6 de dezembro de 2022
1° Oficina de Capoeira Angola da Cidade de Bezerros - PE
segunda-feira, 5 de dezembro de 2022
A presença da mulher na capoeira
Esse não é um assunto muito estudado e pouco sabemos sobre as primeiras mulheres nas rodas de capoeira, segue a baixo um resumo de algumas mulheres que possivelmente foram capoeiristas na Bahia. São somente da Bahia por enquanto.
90% deste texto foi extraído do livro Josivaldo Pires de Oliveira
PELAS RUAS DA BAHIA
Criminalidade e poder no universo dos capoeiras na Salvador republicana
SALOMÉ
“cantava no samba e jogava capoeira,você encostava ela passava a rasteira e te botava de pernas pro ar. Entrava no Batuque e lhe derrubava duas três vezes. E era valente!”
(mestre atenilo, um dos alunos mais antigos do mestre bimba, segundo ele Salomé Salomé era uma valentona das décadas de 20 e 30.
Fonte :
ALMEIDA, Raimundo César Alves de. Mestre “Atenilo”: o relâmpago da capoeira regional. (depoimentos). Salvador: Núcleo de Recursos Didáticos da UFBA, 1988. 76 Idem, p. 50. 77 Idem.
ADELAIDE PRESEPEIRA
uma desordeira que durante as comemorações do 2 de Julho promovia arruaças sempre com uma navalha em punho.
Entre as décadas de 20 e 30
Fonte:
ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de. Algazarra nas ruas...
ANGÉLICA ENDIABRADA
Uma desordeira que marcou época entre 1910 e 1920, Ana angelica(angelica endiabrada) estava sempre aparecendo nas manchetes dos jornais e registros policiais como uma valentona da Bahia.
"Endiabrada" era o adjetivo dado uma mulher com destreza na luta corporal. Angélica recebeu esse apelido após enfrentar um guarda civil número e resistir a prisão, chegando a bater no guarda,quebrando a boca do sujeito.
Fonte:
VIANNA, Antônio. Casos e coisas da Bahia... Op. cit., p. 91.
MARIA IZABEL
presa em 1914 “por está promovendo desordem com uma navalha em punho pelas ruas de salvador”
Fonte:
28/02/1914, p. 7.
98 Gazeta do Povo, 02/12/1914,
ZEFERINA x IDALINA MARIA DE JESUS
Foi presa mais uma vez ZEFERINA DE TAL, por brigar com sua companheira Idalina Maria do Sacramento, “encontraram-se as desafectas e foram ao duello a murro e pontapé”
Nesse episódio o jornal de notícias relata um conflito entre duas mulheres que possivelmente seriam capoeiristas, pois há uma vasta lista de registros polícias em que ambas foram enquadradas sob acusação de capoeiragem, ambas se estranharam brigando por ponto de prostituição.
Fonte:
Jornal de Notícias, 09/08/1917(BA)
REGINA DOS SANTOS
Hontem, às 7 horas da noite, na ladeira da Praça, Estevam Durvalino dos Santos e Regina Gomes de Carvalho travaram-se razões e entraram em lucta.
Regina, munida de uma navalha, cortou seu adversário, que arrepeliu a murros.
O guarda civil, que estava de serviço na Independência, sendo avisado, dirigiu-se ao local prendenduo-os.
O fato envolveu um homem e uma mulher que entraram em luta corporal. O uso da navalha foi de domínio da mulher, que “cortou” o seu desafeto.
Fonte:
Jornal de Notícias de 10 de fevereiro de 1914
ROSA MARIA DOS SANTOS
A doceira Rosa de Oliveira apaixonou-se pelo engraxate Vitorino Pereira dos Santos, que tem caixa em frente ao elevador, na praça Rio Branco. Há tempos Rosa, que é ciumenta, azedosse com
o engraxate e prometeu esbordoa-lo. Ante-hontem a doceira encontrou o antigo apaixonado e em plena praça Rio Branco, deu-lhe de chinello. A arruaceira usando as peripécias da capoeiragem começou a agredir a vítima em plena luz do dia.
O Sr. 3o Delegado Auxiliar que passava no momento effectuou a prisão a mulhersinha, entragando-a aos guardas civis 295 e 135 que a conduziram para o posto policial da Sé.
Fonte:
Jornal de Notícias, 23/08/1917
ALMERINDA MENINIHA e CHICA
três mulheres de pá virada, que habitam a Baixa dos Sapateiros, bateram, hontem, pela manhã com os costados no xadrez do posto policial da Lapinha, a ordem do respectivo subdelegado em virtude de terem passado uma tremenda descompostura na família de um cidadão ali.
Este procurou a autoridade policial e narrou os abusos das atrevidas raparigas, pelo que foram ellas parar ao xilindró destrito 101.
Fonte:
1917, p. 2. 101 Jornal de Notícias, 24/04/1920, p. 2.
Obs:(neste depoimento, as três mulheres que possivelmente seriam prostitutas, foram presas e o homem,"possivelmente casado", teve a sua identidade preservada, pois seria um escândalo para a época)
ANTÔNIA DE TAL(CATITÚ)
Mulher Perigosa,Antonia de tal muito conhecida por Catitú, residente na rua do Polytheama, é uma mulher de cabellinho na venta.
Já por diversas vezes tem sido chamada á policia e não comparece.
Hontem, as 3hs. De tarde, “azedousse” e desandou forte descompostura em uma outra.
O civil n. 119, que reside nas inmediações, fez ver o seu procedimento incorrecto sendo aggredido. Catitú, avançando para o guarda arrancou-lhe os botões da túnica, rompe-lhe a camisa, que ficou em tiras. Travou-se forte lucta.
O guarda pediu socorro, comparecendo os praças de ns.64, 4, 14, 203, um musico do regimento policial, 2 praças e 1 sargento, e a perigosa mulher luctou com todos, sendo a muito custo conduzida á secretaria.
Na lucta alguns guardas sahiram feridos, inclusive o 119, que tomou uma dentada na mão e desmentiu um dedo.
FONTE:
Jornal de Notícias de 10 de fevereiro de 1914,
Outro caso foi relacionado ao quarteto formado por MARIA MOURA, MARIA GOMES, ODELINA DE TAL, ESTHER e CÁRMEN,que foram presas por crime de desordem em 22 de julho de 1927, no distrito da Sé, região onde se situava grande parte das zonas de prostituição da Cidade descrito 115,Infelizmente o documento não é muito rico em descrição, dificultando algumas informações que nos permitiria argumentar melhor sobre o comportamento dessas mulheres.116
Elas não ficaram pouco tempo na Casa de Correção ou foram presas várias vezes. Em 24 de janeiro de 1929, no distrito da Sé, foi registrada a soltura de Esther Souza da Silva. Carmem Barbosa foi solta em 12 de maio de 1930, no distrito da Conceição da Praia. Temos aí algumas hipóteses. Estas poderiam não ser as mesmas Esther e Carmem, presas juntas em Julho de 1927, no distrito da Sé, em companhia de três outras mulheres. Mas também poderiam ser as mesmas, sendo que se trata de outras prisões principalmente no caso de Carmem uma vez que o documento encontrado indica o distrito da Conceição da Praia e não a Sé.
As zonas indicadas na documentação como de prostituição eram também reincidentes nos casos de desordens e outras formas de contravenção, como conflitos que produziam em suas vítimas lesões corporais e, às vezes, até homicídio. Portanto, as casas de prostituição eram ambientes instigadores desses conflitos por várias razões, desde as mais fúteis como bebedeiras, até as mais qualificadas como a disputa de poder nas zonas.
Muitas mulheres eram proprietárias das casas e não escapariam às prisões quando das batidas policiais nas zonas.
Fonte:
Estado da Bahia, 29/08/1935. ABREU, Frederico José de. Bimba é bamba...
O estudo de Jéferson Bacelar sobre a prostituição em Salvador na década de 1970 identifica a rua 28 de Setembro ainda como uma localidade de tráfico de drogas e casas de prostituição. BACELAR, Jéferson. A família da prostituta. São Paulo: Ática, 1982.
109 APEB: Portarias de Recolhimento e Soltura, Departamento de Polícia Preventiva, Penitenciária, Secretaria de Segurança Pública, Seção Republicana, cx. 43, pac. 3..
110 Alguns capoeiras a exemplo de Pedro Mineiro e Pedro Porreta, são identificados pela documentação como Cafetões nas zonas de prostituição. Em Belém do Pará muitas das mulheres capoeiras eram identificadas como vagabundas e prostitutas, situação semelhante ocorreu na Cidade do Salvador no período estudado.
MARIA DE LOURDES,
Maria de Lourdes da qual encontramos duas Portarias de Soltura. Uma datada de 24 de janeiro de 1931 e outra de 17 de julho do mesmo ano, todas na Conceição da Praia.
Cabe aqui considerar que nas zonas não só havia casas de prostituição, mas também residenciais.
Fonte:
Jefferson bacelar
Chicão
Outro caso emblemático ocorrido no dia 28/09/1929, foi a briga entre Francisca Albino do Santos(chicão), e o valente Pedro Porreta,após a briga o jornais noticiaram o valente Porreta muito machucado na delegacia.
Algum tempo depois porreta foi assassinado e chicão foi a a principal suspeita.
Segundo os mestres antigos outras mulheres ganharam fama por destreza e valentia na antiga Bahia de todos os Santos.
Doze homens(uma valente que derrubou 12 praças de na luta corporal), muitos acreditam que foi a guerreira Maria Felipa De Oliveira importante figura na guerra da independência Baiana. Outros já acreditam que doze homens foi "Maria Homem" uma valentona homossexual da década de 40.
NEGA DIDÍ( outra valentona, sem registros), entre os anos 30 e 40
MARIA PARA O BONDE(sem registros), entre os anos 30 e 40.
MARIA CABAÇO(por ser muito feia ninguém a-queria, por isso receberá esse maldoso apelido), viveu entre os anos 30 e 40.
MARIA PÉ NO MATO(sem registros), entre os anos 20 e 30.
MARIA DO CAMBOATÁ, valentona que quando bebia quebrava os bares da capital baiana.
Em meados de 1910
FONTE
Arruda. P10. Salvador ruas de sangue
Muitas outras mulheres ganharam fama na Bahia, todas elas associadas de alguma forma a capoeiragem, não existem provas concretas que foram capoeiras, porém os jornais e a polícia as-apontavam como táis. O manuseio da navalha, canivete, faca, punhal levam a gente a crer que eram de fato capoeiristas,pois essas "armas", eram companheiras dos antigos praticantes da capoeiragem pós escravidão.
O cenário eram as ruas, os bordéis, o pontos de prostituições e etc... Os motivos eram ciumes, bebidas, rexas pessoais...
Essas eram as principais características dos capoeiristas da antiga Bahia, mas uma forte evidência que leva a crer essas mulheres possivelmente seriam capoeiras.
Texto: Antonio Luiz Campos (Boa Alma abada)